Saúde e Bem-estar

Bebida alcoólica: veja 3 pontos-chaves do caminho e da ação do álcool no corpo

O consumo de bebida alcoólica é é muito bem aceito socialmente no Brasil, mas é uma substância que causa dependência e tem consequências para o organismo

Bebida alcoólica: veja 3 pontos-chaves do caminho e da ação do álcool no corpo

O consumo de bebida alcoólica é algo muito comum no Brasil. Sempre associamos o álcool a celebrações e como mecanismo de escape para situações de estresse e tristeza, o que nos permite dizer que, junto com o cigarro, é a droga mais bem aceita socialmente e também a que tem o acesso mais facilitado.

Mas assim como outras drogas, existem pontos de atenção que devem ser observados, já que é uma substância que pode causar dependência e desencadear doenças e outros problemas ao nosso organismo.

Segundo o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, o álcool é a substância de maior uso pelo nosso país.

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O levantamento, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ouviu cerca de 17 mil pessoas com idades entre 12 e 65 anos em todo o Brasil.

Segundo os números divulgados, mais da metade da população ouvida declarou ter consumido pelo menos uma vez bebida alcoólica no período estudado. Isso enquanto 7,7% dos brasileiros usaram maconha e 3,1% consumiram cocaína.

Veja abaixo como o álcool age no nosso corpo e 3 pontos-chaves de sua ação no nosso organismo, segundo um artigo do farmacêutico Jamar Tejada publicado no portal Terra:

Como o álcool age no corpo

Logo após ser ingerido, o álcool é absorvido pelo estômago e chega a outros órgãos por meio da corrente sanguínea. Por isso, ele também afeta o cérebro e todo o sistema nervoso central, diminuindo os reflexos e podendo causar variações de humor.

Para se ter uma ideia, de acordo com estudos e estatísticas norte-americanas, apenas dois copos de cerveja já são suficientes para retardar o tempo de reação (reflexo) de uma pessoa, passando de 0,75 segundo para quase 2 segundos.

Apesar dos efeitos estimulantes ou euforizantes, o álcool etílico é uma substância depressora do Sistema Nervoso Central. O tempo que a substância demora para percorrer esta “viagem” pelo sangue depende de alguns fatores, como quantidade de bebida ingerida, volume de gordura no corpo, entre outros.

As mulheres ficam mais suscetíveis aos seus efeitos porque, fisiologicamente, têm mais gordura retida no organismo, o que acaba por repelir a sua absorção pelas células, fazendo com que ele permaneça por mais tempo na corrente sanguínea.

É o que chamamos de biodisponibilidade do álcool. Isso faz com que os órgãos passem mais tempo expostos aos seus efeitos, principalmente os mais sensíveis, como cérebro, fígado e coração. Esse é um dos motivos pelos quais as mulheres adoecem mais rápido por conta de bebida. A cirrose, por exemplo, aparece em média cinco anos antes na mulher do que no homem.

Nos primeiros dez minutos, o álcool se transformar em acetaldeído, um elemento tóxico, e tenta se livrar dele o mais rápido possível. Essa substância é resultado da ação de uma enzima do fígado chamada álcool-desidrogenase, que destrói a molécula do álcool.

Se apenas algumas doses forem consumidas, o período de ação do acetaldeído é curto e os estragos são menores, pois ele é atacado por outra enzima, o aldeído-desidrogenase, com outra substância, a glutationa, que transformam o acetaldeído em acetato - uma espécie de vinagre não tóxico.

O problema é que a glutationa armazenada no fígado não é suficiente para uma grande quantidade de bebida alcoólica. Logo, o acetaldeído permanece por mais tempo no organismo. O que ele causa? Além de aumentar a pressão arterial, pode causar derrame, mas, mais comumente, fadiga, náuseas, irritação do estômago, dor de cabeça e a famosa ressaca.

Começamos a ficar eufóricos e logo ficamos embriagados com 30 a 40 minutos de ingestão contínua. Assim, perdemos o controle do senso crítico, já que o álcool tem ação direta no sistema límbico, do Sistema Nervoso Central. A ansiedade, a variação de humor e a depressão são consequências da ingestão de bebida alcoólica. Entre os 45 e 90 minutos, o nível de álcool no corpo atinge o ápice e é dado início a ação diurética - que começa a ser frequente.

A bebida alcoólica tem apenas uma pequena parte de água, mas o organismo não entende a presença de tanto líquido, então aumenta a diurese. Mas como não é água o que está sendo colocando para dentro, pode ocorrer desidratação, mas que não chegará a um quadro grave.

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A vontade de fazer xixi

Isso acontece porque o álcool inibe a produção de um hormônio no corpo responsável por regular a urina. É a vasopressina, ou Hormônio Antidiurético (ADH), que atua nos rins e é importante para promover a reabsorção de água e evitar grandes perdas do líquido no organismo.

Por este mesmo motivo, o excesso de álcool também pode levar à desidratação, causando muita sede durante a ressaca e conferindo uma aparência ressecada à pele.

Para evitar a desidratação, é indicado que se tome, a cada hora, ao menos um copo de água. Essa dica funciona ainda para retardar a absorção do álcool, dilui a bebida e ainda faz com que a ingestão seja menor, resultando em uma ressaca menos agressiva.

O excesso de bebida alcoólica também pode ainda causar outros sintomas, como:

Cérebro: afeta o Sistema Nervoso Central e pode causar perda de reflexo, problemas de atenção, perda de memória, sonolência e até coma - que pode levar à morte.

Rins: o efeito diurético do álcool acaba por sobrecarregar os rins, comprometendo a eficácia do processo de filtragem das substâncias que ocorre no órgão.

Estômago e intestino: o álcool e até mesmo os carboidratos de algumas bebidas alcoólicas, como a cerveja, provocam um tipo de fermentação no intestino, afetando a flora intestinal. Por isso, muitas pessoas que bebem sentem dor de barriga, têm diarreia e excesso de gases. Além disso, o álcool irrita as mucosas do estômago e esôfago, ocasionando em azia, esofagite e gastrite.

Náuseas e vômito: o vômito é uma reação do corpo para livrar o organismo do volume excessivo de álcool e das toxinas presentes na bebida. Ele pode ocorrer logo após a ingestão exagerada de bebidas alcoólicas ou no dia seguinte, durante a ressaca.

Coma alcoólico: quando se chega a este estado de inconsciência, é sinal de que houve uma ingestão de álcool superior à capacidade do fígado de metabolizar. É que o órgão transforma o álcool em glicose, mas devido ao consumo abusivo da substância, pode ocorrer a intoxicação de diversos órgãos, como o cérebro. É por isso também que pessoas que bebem em excesso podem ter a chamada amnésia alcoólica.

Dor de cabeça: é uma das consequências da ressaca e ocorre devido a uma combinação de fatores desencadeados pelo álcool, como a perda de água no organismo e a vasodilatação (aumento do tamanho dos vasos sanguíneos), causadas pela bebida alcoólica.

Efeitos cardíacos: o álcool libera adrenalina, que acelera a atividade do sangue no coração, aumentando a frequência dos batimentos cardíacos e podendo causar um desequilíbrio hormonal.

Fígado, um assunto a parte

Em indivíduos que fazem uso abusivo do álcool, as doenças hepáticas mais encontradas são:

1. Esteatose alcoólica (fígado gorduroso): deposição de gordura ocorre em quase todos os indivíduos que fazem uso abusivo e frequente do álcool, mas também pode ocorrer em indivíduos que não consomem álcool após um único episódio de uso abusivo do álcool.

A esteatose corresponde ao primeiro estágio da doença hepática alcoólica. Caso o indivíduo pare de beber, neste estágio, ele recuperará sua função hepática. A esteatose também pode ocorrer em indivíduos diabéticos, obesos, com desnutrição proteica severa e usuários de determinados medicamentos.

2. Hepatite alcoólica: esta condição implica em uma inflamação e/ou destruição (ex. necrose) do tecido hepático. Há perda de apetite, náusea, vômito, dor abdominal, febre e em alguns casos, confusão mental. Embora essa doença possa levar à morte, na maior parte das vezes, ela pode ser revertida com a abstinência alcoólica. A hepatite alcoólica ocorre em aproximadamente 50% dos usuários frequentes do álcool.

3. Cirrose alcoólica: é uma forma avançada de doença hepática decorrente de um dano progressivo das células hepáticas. A cirrose costuma ser diagnosticada em 15 a 30% dos usuários crônicos e abusivos do álcool.

Um fígado cirrótico é caracterizado por uma fibrose extensa que compromete o funcionamento do fígado, podendo inclusive prejudicar o funcionamento de outros órgãos como cérebro e rins. Embora a cirrose alcoólica possa levar o indivíduo à morte em função de suas complicações (ex. falha renal e hipertensão portal), ela pode ser estabilizada pela abstinência completa do álcool.

Estas três condições clínicas costumam estar sequencialmente relacionadas, de forma progressiva, da esteatose à cirrose. Contudo, alguns indivíduos podem desenvolver cirrose sem ter tido hepatite e algumas hepatites de início súbito e curso rápido levam à morte antes de desenvolver cirrose.

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