Saúde e Bem-estar

Você já ouviu falar em ‘swaddling’? A técnica de envolver bebês que causa polêmica entre especialistas

O swaddling é uma forma de envolver o bebê em um cueiro ou manta, mas nem todos são fãs dessa técnica, muito famosa nos Estados Unidos

Você já viu bebês recém-nascidos completamente envoltos em mantas ou cueiros para que eles só possam mover a cabeça? Se você viu, terá sido, sobretudo, nas redes sociais de mães de outros países, especificamente dos Estados Unidos.

Essa forma de envolver a criança é chamada de técnica do swaddle (sua tradução é ‘embrulhar’) ou swaddling: A maneira correta de fazer isso é seguindo estes passos”, conta em entrevista ao site espanhol Hola, Francisco J. Díaz, Fisioterapeuta Pediátrico, e lista:

  • O cobertor é esticado e um dos cantos é dobrado;
  • O bebê é colocado no swaddle com a face para cima e deixamos a cabeça no canto que viramos;
  • Esticamos seu braço esquerdo e enrolamos o canto esquerdo da manta sobre seu corpo, dobrando-a entre o braço direito e o lado direito;
  • Dobramos a parte inferior do cobertor frouxamente e o colocamos sob um dos lados;
  • Esticamos o braço direito junto ao corpo e dobramos o canto direito colocando-o entre o braço e o lado;
  • Verificamos se o swaddle não está muito apertado e se o bebê pode respirar bem e mexer os quadris.

Então, nos perguntamos qual é o objetivo dessa técnica para bebês e principalmente para recém-nascidos, se parece um pouco esmagadora: “O objetivo ao usar esse método é ajudar o bebê a descansar melhor, reduzir os despertares e a morte súbita e reduzir os tempos de choro. Como tudo, é algo que deve ser usado com moderação e saber o que está sendo feito”, alerta o especialista. Mas é realmente recomendado?

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O ‘swadding’: por que é tão famoso nos EUA?

Segundo o fisioterapeuta, um dos motivos pelos quais essa técnica começou a ser utilizada nos Estados Unidos foi para conter o chamado reflexo de moro em bebês. “É um reflexo primitivo que provoca um movimento inesperado no bebê para produzir uma extensão repentina dos braços. Antes, não havia evidências de para que servia ou qual função esse reflexo tinha, e foi interpretado como um espasmo que acorda o bebê”.

Esta técnica teve o seu apogeu no século XVIII e, pouco a pouco, foi perdendo adeptos, embora, hoje em dia, o swaddling ainda seja realizado regularmente nos Estados Unidos, no Médio Oriente e mesmo em algumas zonas da Europa. “Como regra geral, é mais usado em culturas que não trabalham tanto o apego ou pele a pele como em culturas latinas como a nossa, e isso porque poucas coisas beneficiam mais um bebê do que o contato direto com seus pais. É por isso que na Espanha essa técnica não é comumente usada, exceto com bebês prematuros ou na UTI”, explica.

Por que gera tanta polêmica?

Os supostos benefícios do enfaixamento são “tentar reproduzir a posição e a sensação que o bebê tem no útero para que ele relaxe, aumente os períodos de sono, diminua os despertares, reduza o risco de morte súbita, promova a calma e diminua o choro”. segundo o fisioterapeuta. No entanto, todas essas vantagens também têm seu contraponto e muitos detratores, pois, aparentemente, também traz uma série de riscos para o bebê que devem ser conhecidos.

“A primeira de todas é a que se vê mais a longo prazo, e é que essa técnica vai contra a corrente de livre movimentação dos bebês. Durante os primeiros meses há muitas reações espontâneas, reflexos primitivos e processos automáticos que precisam se desenvolver com base em se reproduzir repetidamente, e aos poucos se integram e desaparecem para se tornarem parte de funções futuras mais complexas, como o reflexo de moro, de que falamos anteriormente, e que uma vez integrado passa a fazer parte do nosso sistema de alerta e defesa”, diz o especialista. Portanto, se estivermos repetidamente contendo os movimentos do bebê dentro de um cueiro, “estaremos impedindo que muitas dessas funções se desenvolvam naturalmente e, a longo prazo, gerem problemas de neurodesenvolvimento”.

De forma mais direta e imediata, existem outros riscos, que, como indica o especialista:

  • A partir das oito semanas o bebê já é capaz de virar de lado, o que aumenta o risco de morte súbita se for contido;
  • Esta técnica também aumenta o risco de braquicefalia, infecções respiratórias e secreções devido ao excesso de tensão ao embalar;
  • De superaquecimento no bebê;
  • De displasia da anca se as pernas não forem colocadas corretamente.

Quais são as alternativas mais saudáveis?

O fisioterapeuta explica que o uso da técnica do swaddle deve ser àqueles “bebês prematuros que estão na UTI ou que apresentam problemas de autorregulação, alta irritabilidade ou risco neurológico e sempre orientados por profissional capacitado”.

Tentar usar panos para acalmar bebês com cólicas, em momentos de irritabilidade ou quando choram incontrolavelmente será apenas um ‘remendo’ temporário, uma solução temporária para um problema que continuará a existir e continuará a acontecer até que não seja tratado.

“Por isso, antes de recorrer a técnicas desse estilo, o Tummy tub (a pequena banheira que imita o formato do útero materno) ou os milhares de compostos anticólicas que existem no mercado... os especialistas em neurodesenvolvimento sempre recomendam uma avaliação para detectar o foco do problema e propor o melhor tratamento, orientações e orientações individualizadas para cada família”.

E garante: “O ideal para um bebê entre zero e nove meses é o contato pele a pele com regularidade, realizando portagens ergonômicas dentro e fora de casa, não deixando ele chorar para tentar acalmá-lo sozinho e dando-lhe todo o apego que você precisa durante esta fase de exterogestação. Se investirmos tempo nesses momentos e criarmos um apego seguro, as chances de criar um bebê fisicamente e emocionalmente saudável são multiplicadas por 10 e poderemos proporcionar a ele um excelente primeiro gostinho de vida.”

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Aviso

Este texto é de caráter meramente informativo e não tem a intenção de fornecer diagnósticos nem soluções para problemas médicos ou psicológicos. Em caso de dúvida, consulte um especialista antes de começar qualquer tipo de tratamento.

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