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Querida pessoa branca: aqui está um guia simples para aprender a não ser racista

Aprender a não ser racista é o primeiro passo para mudar a sociedade!

João Alberto Freitas era um homem negro e foi espancado até a morte em uma unidade do mercado Carrefour de Porto Alegre (RS), na última quinta-feira (19), um dia antes da celebração da Consciência Negra.

Na manhã desta sexta-feira (20), o assunto viralizou nas redes sociais e muita comoção foi gerada pelo crime. No entanto, a comoção deve ocorrer sempre. Afinal, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a cada 23 minutos um jovem negro é morto no Brasil.

Mais além da comoção, a conscientização sobre o racismo estrutural é essencial. Aprender a não ser racista é o primeiro passo para mudar a sociedade.

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Nós, como pessoas brancas, precisamos entender que, mesmo inconsciente, estamos colaborando para a perpetuação do racismo na sociedade.

Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, Djamila Ribeiro, filosofa e militante da causa do povo negro, explica que aprender não ser racista é um processo.

 “Não tem como a gente romper com uma construção secular como o racismo de um dia para o outro. Muitas vezes, no Brasil, fica muito no repudio moral. Então, uma pessoa muito conhecida sofre algum ataque racista, as pessoas vão as redes e falam algo como ´nossa em pleno século XXI, o Brasil ainda é racista´. Isso mostra o quanto as pessoas não entendem o debate do racismo como uma estrutura. Quando o Brasil não foi racista, né? Este país foi fundado em cima de sangues negros e indígenas”, explica a estudiosa.

Como não ser racista? Um guia simples para mudar sua postura!

A informação, segundo explica Djamila Ribeiro, em seu livro “Pequeno Manual Antirracista”, é o ponto de partida para aprender a desconstruir o racismo. «No Brasil, há a ideia de que a escravidão aqui foi mais branda do que em outros lugares, o que nos impede de entender como o sistema escravocrata ainda impacta a forma como a sociedade se organiza», explica a autora em um dos capítulos.

Reconheça seu racismo

A filósofa explica que a discussão sobre racismo sempre tem como base as dificuldades das pessoas negras. Contudo, ela acredita que é fundamental que as pessoas brancas entendam seus lugares e privilégios dentro da sociedade.

«É fundamental discutir a partir da perspectiva daqueles e daquelas que se beneficiam da estrutura racista para enxergar seus privilégios e desnaturalizar-los, entender os lugares sociais» de cada um afirma. Sendo assim, a autora recomenda que pessoas brancas reconhecem seus privilégios.

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«Não se trata de se sentir culpado por ser branco: a questão é se responsabilizar. Diferente da culpa, que leva à inércia, a responsabilidade leva à ação. Dessa forma, se o primeiro passo é desnaturalizar o olhar condicionado pelo racismo, o segundo é criar espaços, sobretudo em lugares que pessoas negras não costumam acessar», ensina.

Siga pessoas negras e escute o que elas têm a dizer

Atualmente, é possível encontrar diversas pessoas que abordam o tema de uma forma didática. Alguns exemplos são: Djamila Ribeiro, Gabi Oliveira, AD Júnior. Abaixo compartilhamos algumas indicações.

 

Pare de sexualizar pessoas negras

A sexualização de pessoas negras ainda é algo muito comum no Brasil. Muitas pessoas brancas pensam que falar que mulheres negras sabem sambar e que homem negro tem o pênis grande é elogio, mas não é.

Fale de racismo com seus amigos brancos

Não basta entender como desconstruir o racismo, é preciso ensinar outras pessoas brancas como mudar suas atitudes. Por isso, sempre que ouvir ou ver alguma atitude racista, tome partido. O silêncio só compactua com o racismo.

De oportunidade de trabalho para pessoas negras

Quer mudar a sociedade mais além das palavras? Faça o teste de pescoço no seu ambiente de trabalho. Veja quantas pessoas negras trabalham no local e quais são seus cargos. Quando houver novas contratações, converse com a equipe e incentive a contratação de pessoas negras.

Vale lembrar que este pequeno guia para aprender a não ser racista é apenas um pequeno passo. O caminho para a desconstrução é longe, mas é essencial para garantir um país mais justo para todas as pessoas.

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