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Modelos indígenas denunciam que Sara Cunha se apropria de pautas raciais

Sara Cunha foi apontada pela mídia como a nova Gisele e a modelo que “representa” a miscigenação brasileira

Sara Cunha
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A mineira Sara Cunha foi apontada com a nova Gisele e a modelo número 1 do Brasil após sua participação no São Paulo Fashion Week. O momento de destaque na mídia não teria nenhum problema, mas o fato é que Sara foi apontada como a cara do Brasil por suas supostas heranças étnicas.

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“Sara tem traços fortes e representativos, frutos de uma miscigenação de negros, indígenas e brancos, trazendo uma forte representação a mulher brasileira”, apontou um veículo de comunicação. Todas as matéria divulgadas na mídia ressaltavam os traços de miscigenação da modelo.

A modelo Thayná Santos destaca que as matérias podem ter sido divulgadas pela agência Mega Model Brasil e que o fato de usar raça para promover a modelo trata-se de uma estratégia e roubo cultural. “O que me chama atenção e a falta de noção. Quando eu vi que estavam colocando em jogo pautas raciais, eu falei ai não... foi longe demais. Esta agência faz merda? A gente sabe que sim. Mas isso vai muito além”, afirmou em seu Instagram.

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“Eu tenho para mim que não seria necessário explicar o óbvio, mas algumas pessoas e situações pedem”, comentou. Em seguida, Thayná mostrou fotos de Sara com traços finos e com a pele branca, deixando a entender que os traços miscigenados podem ser efeito de procedimentos estéticos.

A modelo ainda mostrou uma entrevista de Sara no Chupim falando que para ser modelo, atualmente, é necessário ter representatividade e miscigenação.

A estilista Day Molina também decidiu se posicionar sobre o caso. Em seu post “O ativismo aponta uma necessidade, o capitalismo surfa na oportunidade, ela ressaltou que as pessoas que atuam neste setor “criam cenários propícios para o lucro, mas esquecem que pautas raciais é coisa séria, urgência social para uma mudança real e sistêmica”.

“Existem pessoas negras e indígenas talentosas na moda. Falta oportunidades. Mas ao invés de reparar historicamente a exclusão de pessoas racializadas, é mais interessante “criar” no auge do privilégio o “modelo” ideal. Irreal eu diria”, comentou.

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Após a exposição do caso, Sara Cunha bloqueou seu Instagram de receber comentários.

O outro lado da história

Em nota, a assessoria de imprensa da modelo afirmou que a repercussão do caso gerou um linchamento virtual que impactou a vida de Sara de forma negativa.

“Além de perder trabalhos, Sara Cunha começou a sofrer com depressão, ansiedade e dificuldade para dormir, o que a fez procurar ajuda de um médico psiquiatra, o Dr. Antonio José Eça (CRM 24.536). Segundo ele, Sara chegou ao consultório totalmente abalada e apresentava potencial de agravamento em curto espaço de tempo”, diz a nota.

Ainda segundo a assessoria, Sara também foi vítima do crime de stalking e “conseguiu comprovar na Justiça tal conduta criminosa praticada pelas duas modelos” e demais participantes.

“Além do crime de perseguição, Sara Cunha teve decisão favorável na Justiça mostrando que os ataques virtuais também caracterizavam a prática do crime de difamação, previsto no artigo 139 do Código Penal”, ressalta a nota.

“A investigação policial sobre o caso de Sara resultou em um pedido cautelar junto a uma das Varas Criminais de São Paulo/SP. No dia 23 de dezembro de 2022, o juiz Rafael Henrique Janela acatou o pedido de exclusão dos perfis das acusadas, além da proibição delas de realizar quaisquer publicações e/ou comentários que façam menção à vítima, direta ou indiretamente, por qualquer meio, devendo ser excluídas aquelas já realizadas, sob pena de agravamento das medidas cautelares”, finaliza.

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