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Mulher entra em trabalho de parto durante deslizamentos em Petrópolis

A gestante começou a sentir as primeiras contrações no momento em que as chuvas começaram. Ela teve que sair de casa em meio à lama e deslizamentos

Adriana com os filhos: a recém-nascida Agatha, Arthur, de 10 meses, e Thales, de 7 anos (Foto: Zo Guimarães/UOL)

Adriana da Silva Ferreira, de 30 anos, é moradora da cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ela estava grávida de sua primeira filha (ela já era mãe de dois meninos) e começou a sentir as primeiras contrações do parto no momento que as chuvas tiveram início na semana passada.

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Em depoimento ao site Universa, Adriana relatou sua jornada para sair de casa, em meio à enxurrada que causou deslizamentos na cidade nesta última semana e deixou milhares de desabrigados, mortos e desaparecidos, até sua chegada ao pronto-socorro.

“Moro no Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra, em Petrópolis, e já estava chovendo muito naquela terça-feira, 15, quando senti as primeiras contrações indicando que o parto da minha filha estava por vir. Preferi esperar a bolsa romper para ir ao hospital. Mas, quando isso aconteceu, por volta das 13h, começaram a chegar mensagens avisando sobre deslizamentos e enchente. Já não tinha mais o que fazer. Ao verem minha situação, os vizinhos queriam juntar pano para eu parir ali mesmo, mas não aceitei ter meu bebê naquela situação”, conta Adriana.

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Ela relata ainda, que viu a casa de vizinhos desabarem antes de conseguir sair de sua residência em direção ao hospital. Ela precisou sair às pressas com os dois filhos, dois meninos, um de 7 anos e outro de 10 meses, mas não conseguiu levar nada, nem os documentos da família.

“Quando a chuva diminuiu, as casas começaram a cair. Fui pulando a lama com ajuda das pessoas. Elas me colocaram em um carro, mas ele quebrou. Entrei ainda em mais cinco veículos até chegar ao pronto-socorro. Lá, fiquei deitada ao lado de uma criança e uma idosa cheias de lama, e de um homem sem braço”, explica.

O Parto

“Estava com contrações fortes e 6 centímetros de dilatação. Sentia muita dor, mas a médica disse que não tinha nada para aliviar. Aguentei assim até o final. Quando ela falou: ‘Vira de lado’, a bebê nasceu. No seu primeiro choro, o lugar todo ficou quieto. As pessoas vinham olhar minha filha e, nesse momento, vi muita gente ensanguentada. Até então, eu não estava sabendo a dimensão do que tinha acontecido”, conta Adriana sobre o nascimento de sua filha, Agatha Vitória.

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Ela conseguiu ser transferida para a maternidade da cidade por volta da meia-noite daquele dia, para fazer os exames necessários, onde ficou até a manhã desta última segunda-feira, 21.

Adriana e a fralda da filha recém-nascida (Foto: Reprodução/UOL)

Como saiu de casa sem nada, Adriana está recebendo doações. Outras mães e o próprio hospital deram roupas para mãe e filha e um grupo de mães também estão prestando ajuda desde o início de sua gestação.

Adriana e a família, no momento, estão sem alternativa de moradia, tendo que ficar na antiga casa. A família de seu marido (mãe, irmão e sobrinho), faleceu durante os desabamentos na cidade.

“Com tudo isso acontecendo, não comemorei o nascimento da minha filha. Sinto desespero por ainda ter que ficar uns dias aqui em casa. E também quando vejo as fotos da minha sogra, do meu cunhado, do meu sobrinho... Ele tinha o mesmo tempo de vida do meu filho do meio. Toda vez que chove, eu não durmo pensando neles”, lamenta Adriana.

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