Embora o WhatsApp tenha sido criado com o objetivo de ajudar as pessoas a se conectarem de maneira mais fácil, muitos encontraram no aplicativo uma ferramenta de controle, manipulação e punição.
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No entanto, devido ao fato de que alguns comportamentos manipuladores através de mensagens se tornaram normalizados, cada vez mais difícil é detectar os relacionamentos tóxicos no aplicativo.
Em uma entrevista ao jornal espanhol ABC, a psicóloga Lidia Asensi compartilhou várias práticas que costumam acontecer no WhatsApp e que podem ser consideradas normais, mas na verdade são prejudiciais.
Tais como a exigência de que a outra pessoa esteja sempre disponível e responda às mensagens instantaneamente ou a exigência de compartilhar a localização para que o outro saiba onde se está o tempo todo.
Também pedir fotos para comprovar que está onde foi exposto; bloquear como forma de punição por não responder ou exigir a prática de sexting quando não se concorda com essa forma de se relacionar.
"Temos que ter em mente que isso reforça a insegurança da outra pessoa, aquela que precisa ter esse controle constante. E com isso estamos normalizando comportamentos que são prejudiciais e perigosos", afirmou a especialista na conversa com o veículo publicada em 2 de fevereiro.
"O simples fato de ser considerado que devemos estar disponíveis 24 horas por dia para qualquer mensagem que recebemos e não ser compreendido que isso não é verdade, causa danos", acrescentou.
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"Alguém pode nos enviar uma mensagem e nós sermos livres para responder no momento que nos apetecer, sem que a outra pessoa fique chateada com isso", enfatizou.
Os comportamentos que denunciam os manipuladores no WhatsApp
No caso de acreditar que estamos numa conversa com um manipulador no WhatsApp, existem vários sinais aos quais devemos estar atentos e que nos ajudarão a confirmar isso definitivamente.
O primeiro passo é avaliar como nos sentimos com o chat. Perceber a manipulação por esse meio pode não ser fácil, pois essas pessoas conseguem fazer com que o outro se sinta culpado.
Um segundo sinal é o "reforço intermitente". De acordo com Asensi, os manipuladores usam esse mecanismo, que se refere ao fato de uma pessoa oferecer algo e depois retirá-lo.
Um exemplo disso, exposto no artigo do ABC, pode ser quando expressam um grande desejo de ver seu parceiro; no entanto, quando este pergunta quando, deixam a pergunta sem resposta.
Além disso, é preciso observar como é a comunicação. É fluída ou inconsistente? Se eles conversam hoje, mas depois desaparecem por dias, é outro sinal de aparente manipulação no relacionamento.
Os manipuladores, de vez em quando, também não respondem às mensagens importantes na relação. Além disso, costumam publicar mensagens confusas nas redes sociais, deixando a outra pessoa pensativa.
Ou seja, eles postam algo relacionado ao seu idílio, seja uma música, foto ou frase, mas não está totalmente claro que seja por seu parceiro(a), o que deixa a outra metade pensando muito.
"Todas essas condutas geram desconforto na outra pessoa, assim como ansiedade, sentimento de culpa, angústia e frustração", explicou Asensi ao meio de comunicação já mencionado.
"Isso pode levar a pessoa a ficar de olho no celular e fazer verificações para ver se recebe uma resposta. Também chega a analisar a mensagem várias vezes para ver se disse algo que poderia ter sido "errado", apontou."
Por último, se uma pessoa está ocupada, uma pessoa não manipuladora informará seu parceiro ou outras pessoas que não está disponível para conversar. Enquanto isso, a pessoa manipuladora não comunicará e fará a outra pessoa se sentir mal.
"Alegará que não há nada de errado com ele e que são coisas nossas, nos fazendo acreditar que somos paranóicos ou que estamos controlando", acrescentou a especialista.
“Isto nos levará a sentir-nos culpados, pensando que somos nós que fizemos com que a outra pessoa se zangue e, portanto, responsáveis por ter estragado tudo”, destacou.