O filme da Netflix, ‘A sociedade da neve’, causou um grande impacto pela forma extraordinária como conta a história real do acidente aéreo dos Andes e a corajosa luta dos passageiros pela sobrevivência ao longo de 72 dias brutais.
O premiado diretor espanhol, J. A. Bayona (O Orfanato, 2007), encarregou-se de recriar os eventos de forma que a audiência se conectasse com a fé, o coração e o espírito de luta dos sobreviventes, longe de buscar criar morbidez como aconteceu nas versões anteriores que foram apontadas como "de mau gosto". Além disso, um dos grandes acertos foi a proposta de colocar como narrador principal Numa Turcatti (interpretado por Enzo Vogrincic), um dos jovens que não sobreviveu ao incidente, mas que se tornou peça-chave no resgate de seus companheiros.
‘A Sociedade da Neve’ já recebeu várias e merecidas indicações nesta temporada de premiações, incluindo Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Maquiagem e Figurino, e mesmo que ainda não tenha ganhado os prêmios, continua sendo uma das favoritas do público.
Além da euforia que os protagonistas desencadearam, também despertou grande curiosidade por todas as histórias que os sobreviventes têm para contar, assim como aquelas daqueles que faleceram no acidente e que foram lembradas no filme de Bayona. Esse foi o caso de uma mulher que não deveria estar no voo, mas que por acaso do destino acabou a bordo sem chegar ao seu destino.
Um casamento, um passageiro ausente e uma montanha marcaram o destino de Graciela
Em 13 de outubro de 1972, 45 passageiros a bordo do voo 571 da Força Aérea Uruguaia se acidentaram enquanto cruzavam os Andes. Apenas 29 dos 45 passageiros sobreviveram ao impacto, mas no final 16 foram resgatados, o que despertou a curiosidade de muitos sobre como eles conseguiram passar tantos dias expostos às perigosas condições, incluindo temperaturas abaixo de zero, avalanches e inanição.
Embora a maioria das histórias contadas gire em torno dos jovens que integravam a equipe de rugby de Montevidéu, o "Old Christians", havia cinco mulheres a bordo do mesmo voo com destino a Santiago do Chile, entre elas, Graciela Augusto de Mariani.
O destino trabalha de formas misteriosas e é que Graciela era a menos provável de estar naquele avião, pois inicialmente não havia lugar para ela. O assento que ocupou era de Gilberto Reguler, um jovem jogador de rugby que acabou perdendo o voo, deixando o espaço livre para a mulher que decidiu arriscar chegando no último momento ao aeroporto para ver se poderia chegar alguns dias antes ao Chile para estar com sua filha dias antes de seu casamento.
No entanto, quando o avião caiu, Graciela ficou presa entre os destroços dos assentos, deixando-a com as duas pernas quebradas. Ela sobreviveu à queda, mas a dor era insuportável. Não conhecendo ninguém a bordo, ela estava completamente sozinha, mas os jovens Rafael "El Vasco" e Ramón Savella tentaram libertá-la e salvar sua vida, mas seus esforços foram em vão.
Graciela tem uma breve aparição no filme de Juan Antonio Bayona. A atriz argentina Tea Alberti foi a responsável por interpretá-la.