Quatro anos se passaram desde a destruição da Ilha Nublar. Hoje, os dinossauros habitam livremente um mundo por cuja primazia lutam com os humanos. Nesse cenário, Claire (Bryce Dallas Howard) e Owen (Chris Pratt), que fugiram com Maisie (Isabella Sermon) em busca de refúgio, devem intervir para restaurar o frágil equilíbrio da vida.
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Este é o ponto de partida de ‘Jurassic World Dominion’, o esperado encerramento da segunda parte de três filmes da saga que, há quase 30 anos, se iniciou com Steven Spielberg com ‘Jurassic Park’ (1993).
Um longa que representa o retorno por trás das câmeras de Colin Trevorrow, que deu a direção de ‘Jurassic World: Reino Ameaçado’ (2018), e que, além de recuperar o trio principal da trilogia original –Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum, que voltam a encarnar o Dr. Alan Grant, Dr. Ellie Slatter e Ian Malcolm, respectivamente– abre um porta para o futuro e novas aventuras possíveis das mãos de personagens como a piloto Kayla Watts e o jovem Ramsay Cole, interpretados por DeWanda Wise e Mamoudou Athie.
O site espanhol FOTOGRAMAS conversou com Colin Trevorrow semanas antes da estreia mundial de ‘Jurassic World: Domínio’. Uma palestra em que o cineasta americano contou sobre os desafios que este blockbuster enfrenta, além de sua missão principal: dar o toque final à uma das maiores sagas do cinema.
Ele também compartilhou sua opinião sobre o estado atual da indústria, seu compromisso com o futuro e revelou alguns dos momentos mais complicados de uma filmagem que, por si só e graças à pandemia, foi uma aventura em si.
1. A vida encontra seu caminho
Mesmo nos lugares mais inesperados e das formas menos esperadas, a vida sempre encontra um jeito. E foi isso que aconteceu no âmbito do Festival de Sitges 2019. Foi aí que Colin Trevorrow convenceu Sam Neill para que, depois de o ter representado pela última vez há 20 anos, voltasse a encarnar o Dr. Alan Grant em ‘Jurassic World: Domínio’: o encerramento da trilogia que começou em 2015 e o ponto final da franquia com a qual Steven Spielberg fez o mundo andar entre os dinossauros.
“Estava trabalhando em ‘Jurassic World: Reino Ameaçado’, por isso fui com o Jota”, conta o realizador na entrevista, “o que é sempre uma vantagem quando se vai a Sitges, festival que visitei outras três vezes e em que me sinto em casa. O encontro com Sam foi... interessante”, diz ele brincando. “A questão é que eu não sou Spielberg e nunca serei, e eu sabia que tinha que apresentar a ideia muito bem a ele para convencê-lo de que eu era a pessoa certa para guiá-lo nesta jornada, neste novo capítulo, seja o fim ou não, de um personagem que significou tanto para ele. No começo ele estava um pouco cético, ele olhou para mim com desconfiança... estávamos em sintonia.”
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2. Reunindo a turma
Neill era a peça mais difícil do quebra-cabeça que Trevorrow vinha projetando há algum tempo para completar a trilogia ‘Jurassic World’. Sua ideia, em seu retorno à franquia depois de entregar os controles da segunda parcela para J.A. Bayona, foi “celebrar o legado de toda a saga com uma história que reunisse os protagonistas das duas histórias no mesmo filme”: Claire e Owen, os personagens de Bryce Dallas Howard e Chris Pratt, com o Dr. Grant de Neill e também a Dra. Ellie Slatter, de Laura Dern, e Ian Malcolm, de Jeff Goldblum.
“Mas sempre com a ideia de se afastar da nostalgia por si mesma ou da singela homenagem”, destaca o diretor. “A maior homenagem que pudemos prestar a eles foi desenhar uma aventura digna deles, que fosse intrínseca à trama e que sua intervenção não fosse em aparições, mas que seus personagens estivessem em pé de igualdade com os de Owen e Claire. Com Jeff já trabalhamos juntos, porque eu preparei com as cenas dele em ‘Jurassic World: Reino Ameaçado’. O público ficou querendo ver mais dele. E Laura ficou muito animada para participar do projeto. Ela imediatamente se conectou com Emily” (Carmichael, co-roteirista do filme com Trevorrow). “Todos, mas especialmente as duas, estavam muito conscientes da importância de Ellie como referência para as meninas que querem ser cientistas.”
3. Plantando novas sementes
Soma-se ao retorno do trio original a recuperação de um personagem clássico: Lewis Dodgson, o vilão de ‘Jurassic Park’ que desta vez é interpretado por Campbell Scott. Mas a palma é tomada por três novos personagens que se juntam à aventura de ‘Domínio’.
A primeira é a piloto Kayla Watts, interpretada por DeWanda Wise (“Vingança & Castigo”). Junto com ela, também veremos Ramsay Cole, um jovem que trabalha na Biosyn, uma empresa que quer se apropriar de estudos genéticos em dinossauros, que interpreta Mamoudou Athie (‘Ameaça Profunda’). E fechando a lista de novas contratações está o papel de Soyona Santos, que cabe a Dichen Lachman (visto na série ‘Ruptura’) e que Trevorrow nos anuncia como “o verdadeiro vilão do show. Ninguém viu nada dela ainda, mas vai ser falado. O mesmo com Kayla e Ramsay”, diz ele sobre os papéis de Wise e Athie. “Se o público quiser que a saga continue”, ele avança enigmaticamente, “eles podem assumir. Nós plantamos a semente para que ela continue crescendo, para que eles e um novo diretor assumam para dar a outro cineasta o apoio que recebi.”
4. A Batalha pelos Clones
Com o casting fechado, Trevorrow tinha tudo pronto para começar a filmar uma história que estava em sua cabeça desde que começou a desenhar as três partes, quase uma década atrás. Uma trama que começou a partir do momento em que, no final de ‘Jurassic World: Reino Ameaçado’, Maise (Isabella Sermon), o clone da falecida filha de Benjamin Lockwood a quem Claire e Owen protegem, liberou todos os dinossauros.
“Queríamos uma trama que recuperasse o tom de suspense de ficção científica dos romances de Michael Crichton, bem como seu caráter agourento, o aviso que Ian Malcolm lançou desde sua primeira aparição: os humanos usam a ciência como instrumento em benefício próprio, sem se importa quão destrutivas as consequências possam ser.”
Este regresso à fonte original contrasta com o resultado final, um filme que, diz o realizador, “não se parece com nenhum outro dos filmes da saga, como ir para uma ilha para conhecer os dinossauros. Aqui temos eles em todos os lugares. As três primeiras parcelas foram mais uma série de incidentes, três eventos isolados entre eles“, continua o cineasta. “Hoje o público está mais acostumado com o fato de início, meio e fim abrangerem mais de um filme”.
Assim, neste último capítulo veremos conspirações empresariais – entre as empresas encarregadas de controlar os animais em liberdade; tráfico ilegal de dinossauros – com um mercado clandestino que é o oposto dos leilões de alta classe do filme anterior – e a confirmação de que a vida sempre segue seu caminho, quando Blue, o velociraptor de Owen, desafia a natureza e se torna mãe.
“Tudo em duas tramas que se aproximam até colidirem”, explica Trevorrow. “Não seguimos a estrutura típica de blockbusters desse tipo. O que mais gostamos foi pegar um momento em que ninguém estava seguro e resgatar os personagens, dando a eles a conclusão que queríamos para eles.”
5. Quando os blockbusters dominaram a Terra
A única coisa que faltava era filmar, para Alfred Hitchcock, a fase mais rotineira e chata de qualquer produção, a pandemia mundial. “Desenvolvemos um protocolo para poder continuar trabalhando. Um sistema que, depois, toda a indústria seguiu. Conseguimos, de todo aquele caos, criar algo bonito e realmente virar uma família: a equipe morou junto no mesmo hotel por cerca de cinco meses.”
“Quando você é um produtor”, continua Trevorrow, lembrando seu papel em ‘Jurassic World: Reino Ameaçado’, “você vê como o peso do projeto é carregado por outra pessoa. Participei de todo o processo, mas foi um momento difícil ia dirigir a última fita da nova trilogia ‘Star Wars’ e tive que deixá-la. Passei mal, mas Jota e seu produtor, Belén Atienza, foram tão compreensivos, me receberam tão bem que eles me deixassem fazer parte do processo deles. Foi muito importante para mim. Esse filme, eu tive que aguentar toda a pressão novamente, mas com o apoio incondicional de um elenco que o que eles mais queriam era que isso não se tornasse um negócio exercício”, conclui este realizador que, antes de saltar para o circo de grande sucesso, se forjou nos circuitos indie.
De fato, antes de ‘Jurassic World’ (2015), Trevorrow havia dirigido apenas dois longas, o documentário ‘Reality Show’ (2004) e a comédia ‘Safety Not Guaranteed’ (2012), o que significa que metade de sua filmografia é apoiada por a chave que hoje garante o lançamento nos cinemas: a propriedade intelectual prévia. Ou seja, histórias em quadrinhos, sagas literárias, remakes, spin-offs ou, como no caso de Jurassic, tudo ao mesmo tempo... mais um batalhão de dinossauros que, nesta ocasião, foram criados usando práticas e também efeitos digitais. “Gostaria que a paisagem fosse diferente”, diz ele. “Venho de uma época em que, quando se olhava as listas dos dez filmes de maior bilheteria de 87, 88 ou 89, a maioria eram filmes originais. Filmes que, é verdade, deram origem às franquias que são apoiado hoje não tenho críticas, a única coisa que espero é que os pais apresentem seus filhos à liturgia dos teatros, à experiência compartilhada: o riso, os gritos de medo, as lágrimas compartilhadas nas bancas do teatro. Meu compromisso é contar histórias originais. Porque, independentemente do tamanho da tela, essa é sempre a chave.”
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