Estreou na semana passada o filme ‘Coração de Fogo’ (Fireheart), uma animação para toda a família, e que traz uma mensagem inspiradora para seguir os sonhos e acreditar em si mesmo.
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O longa é dos mesmos produtores de “A Bailarina” e chegou aos cinemas oficialmente nesta última quinta-feira, 24 de fevereiro, após as sessões de pré-estreias que aconteceram no último final de semana.
Mãe de uma menina de 7 anos, Stephanie Cardoso tem 33 anos e é bombeira militar há 4 anos. Ela é cabo do CBMDF e atua em ocorrências de rua, como combate a incêndios urbanos e florestais, resgate veicular, atendimento pré-hospitalar, etc. O chamado que vier, a cabo Stephanie está pronta para atender.
Moradora de Brasília, sempre prestou concursos públicos a pedido de seu pai que inclusive era quem a inscrevia. “Eu fazia as provas, mas costumava dizer que era inútil, pois não ia fazer um serviço incompatível comigo”, conta. E foi em 2015 quando finalmente encontrou um concurso para chamar de seu: o do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Ela foi incorporada em 2018.
No filme, a personagem Georgia sonhava em ser bombeira, mas era impedida devido a uma regra social onde apenas homens tinham permissão para esta função. No Brasil, as mulheres passaram a ser aceitas no Corpo de Bombeiros Militar apenas em 1993 onde a primeira turma de oficiais da academia formou bombeiras pela primeira vez. Essa turma foi justamente no CBMDF, em Brasília. Stephanie Cardoso compõe o grupo de 18% de mulheres bombeiras atuantes em Brasília, um dos quadros mais representativos do país, onde as corporações costumam ser compostas por 10% de mulheres e 90% de homens. No Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal são 1098 mulheres em diversas funções.
“Apenas tive a impressão, em alguns momentos, de um cuidado demasiado, uma proteção e zelo a mais”, diz a cabo Stephanie quando perguntada se sentiu algum tipo de aversão por parte da família ou em alguma ocorrência pelo fato de ser uma mulher bombeiro. “Talvez porque ainda esteja no imaginário de alguns que a mulher deva ser poupada em situações mais masculinas”, conclui.
Georgia que sempre desejou ser bombeira para salvar e proteger as pessoas se aventurou como Joe para entrar na equipe de seu pai, e viver o dia a dia da corporação despertou o sentimento ainda mais intensamente em seu coração. Já Stephanie garante que quando uma ocorrência chega, os sentimentos são variados. “O coração acelera. [...] Chegando na cena é normal me deparar com uma situação nova e aí me sirvo principalmente das experiências que tive em outros momentos. Cada ocorrência é única.” E por ter uma filha pequena, com a idade próxima a de Georgia, Stephanie conta que a situação de risco que a profissão tem a gera ansiedade, pois tem a responsabilidade de sempre estar presente na vida da filha ao mesmo tempo em que ama um trabalho com muitos riscos. “Um princípio dentro da Corporação e que é preciso sempre meditar em torno dele é: arriscar muito para salvar muito, arriscar pouco para salvar pouco, arriscar nada para salvar nada” e conclui “tenho a obrigação de ser presença atuante na vida da minha filha, mas também tenho a obrigação comigo mesma de ser uma mulher realizada e feliz na minha profissão.”
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Stephanie conta que uma das etapas mais desafiadoras de sua carreira foi ganhar a confiança dos colegas, especialmente dos mais experientes. Ela garante que é um trabalho diário, a constância e a resiliência, escutar e aprender com quem já vivenciou muitas outras experiências. E, por outro lado, o que a torna ainda mais apaixonada pelo que faz é a capacidade da profissão de inspirar esperança e confiança em coisas boas, é a verdadeira experiência do servir. “Abrir mão da própria necessidade em prol de um desconhecido, dando o melhor de si para o bem-estar do outro”.
Em Coração de Fogo, Georgia inspira-se em seu pai e vê a profissão com o grande sonho de sua vida, uma forma de ajudar e cuidar do próximo. Quando ela decide se disfarçar de Joe, o propósito é, além de realizar seu sonho, mostrar para a sociedade que uma mulher pode sim ser bombeira. E se a cabo Stephanie acha que cada mulher bombeira inspira outra? “Com certeza, é a missão que cada bombeira carrega, a de deixar registrado que podemos ocupar o lugar que bem ansiamos dentro da sociedade e também abrir caminho para que mais mulheres persigam seus sonhos. Quando visto minha capa de aproximação ou minha farda me sinto confiante, capaz, me sinto forte. Penso que essa sensação é contagiante e quando alguma mulher me vê na rua ou passa por mim, quero acreditar que ela também se sentirá igual. Tenho uma filha de 7 anos e certa vez apareci na televisão por conta de uma ocorrência, quando cheguei em casa ouvi muitos elogios dela, me disse que eu era uma super-heroína. A empolgação dela me marcou profundamente, tenho certeza que pelo exemplo, ela não terá melindre em correr atrás dos próprios objetivos.”
Além da aventura divertida que é o filme traz ao longo de seus 93 minutos, a história propõe uma discussão importante que empodera mulheres e meninas de uma geração que está se formando. Na corporação, a bombeira Stephanie é enfática quando diz que vê “cada vez mais mulheres conquistado seus espaços almejados, sendo respeitadas, admiradas e não subestimadas, tanto em funções operacionais quanto no comando e liderança”.
Assim como Georgia, muitas pessoas não têm apoio para seguir seus sonhos. Quando perguntada sobre um conselho para quem passa por isso, Stephanie acredita que perseverar , continuar e não desistir, é o mais importante. “Começar é difícil, mas à medida que avançam também ganham confiança em si”. E para as meninas que sonham em servir ao Corpo de Bombeiros Militar, ela acredita que o principal é estudar e treinar. “Há muitas mulheres bombeiras. Se inspirem, procurem conhecê-las, são mulheres reais com problemas e dificuldades, mas acharam meios de transpor”, e finaliza: “Não há nada mais prazeroso que olhar sua trajetória e enxergar o próprio crescimento, vocês vão ver, é incrível!”.
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